Resiliência: A Arte Da Vida

Basta acompanhar as notícias e os discursos atuais para constatar o aumento da frequência com que ouvimos certas palavras. Quarentena, isolamento, desconfinamento e uma palavra que se manteve presente e em crescimento é “resiliência”.

Mas o que é, afinal, ser resiliente? Podemos “manter a resiliência”? Resiliência é algo que se tem ou que se é? Há, certamente, diversas áreas que têm abordado, estudado e descrito de forma operacional o conceito, bem antes duma crise mundial causada por um vírus. Os diferentes entendimentos têm origem, entre outras razões, na utilização da mesma palavra em diferentes áreas do conhecimento.

Por exemplo, à Psicologia não é estranho este conceito, que a partir das noções da física e da engenharia de resiliência, constrói um enquadramento entre o estudo do comportamento e das funções mentais. Desta forma, pretende explicar “a capacidade de um determinado sujeito ou grupo passar por uma situação adversa, conseguir superá-la e sair dela fortalecido”. Diferentes pessoas, sobre as mesmas experiências, têm diferentes respostas. Num estudo recente, resiliência na psicologia apresenta-se como sendo a habilidade de reconhecer a dor, compensar esse efeito adverso para, finalmente, construir a capacidade de suportar o evento negativo e construir uma saída de forma positiva

Em sentido lato, falamos de resiliência quando falamos do comportamento perante um evento com efeitos nefastos no nosso sistema.

Já existe uma área de conhecimento que trata de preparar os sistemas para acontecimentos nefastos. Na sua base, o conceito de Risco é muito simples. Basta multiplicar a probabilidade de um dado evento pelas suas consequências e é obtido o risco associado. Quer isto dizer, então, que estamos perante uma nova moda para referir uma outra mesma coisa?

O estudo e a gestão do risco são práticas comuns e boas estratégias para decidir melhor, considerando a incerteza. Mas talvez a dinâmica atual do nosso mundo necessite de uma nova abordagem. Quantos podiam prever a ocorrência dos efeitos desta pandemia?

É importante referir que resiliência não é a mesma coisa que aumentar a capacidade de suportar uma agressão – a isso chama-se robustez. Por várias razões, robustez não é sinónimo de resiliência. Sendo que o infinito não é atingível, ainda, haverá sempre um ponto onde o sistema falhará e, sem outras estratégias, a procura pela robustez máxima não é garantia de resiliência. Pela mesma linha de pensamento, elasticidade também não garante resiliência, garante apenas a retoma ao estado inicial. Não é prudente reduzir o esforço resiliente a algo simples ou como uma única preocupação.

A resiliência é um esforço de aprendizagem contínuo e permanente em qualquer que seja a área de aplicação. Por definição tem de ser assim, há sempre novas incertezas sobre a ocorrência de um dado fenómeno, há até eventos que desconhecemos. 

Por isso, aceitar a realidade tal como ela é; acreditar profundamente que existe um propósito na nossa vida e ter a capacidade inabalável de melhorar, serão as 3 características essenciais para estarmos atentos e reativos, com uma postura positiva e consciente e assim retirar as lições certas a cada momento, sem medo ou receios de reconhecer falhas, ou omissões.

Alexandra Outeiro
HR Specialist
AB&C Hospitality Management and Operations

People & Talent Manager | Traços chave: Compromisso, Responsabilidade, Motivação

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